VARIAÇÕES LEXICAIS DO MUNICÍPIO DE PRESIDENTE DUTRA*
**Orientandas: Francisca Silva Cruz
Gicelia Gonçalves Machado
Jaisse Mendes de Souza
Maurelice Ferreira de
Freitas
Nivercina Souza Rocha
*** Márcia Regina
Resumo: O trabalho que desenvolvemos
buscou descrever e mapear a variação lexical no português falado na Cidade de
Presidente Dutra, caracterizando-se, portanto, como uma pesquisa de cunho
dialetal, realizando,
uma análise semântico-lexical, a fim de tentar explicar de que forma o léxico é
utilizado e modificado pela comunidade, com a finalidade de analisar a variação lexical e
seus significados encontrados neste município.
A língua não é una (com N mesmo), ou seja,
não é indivisível; ela pode ser considerada um conjunto de dialetos.
Palavras-chave
– Léxico,
Variações, Características da Língua, Presidente Dutra.
Abstract: The
work we have sought to describe and
map the lexical variation in
spoken Portuguese in the city of Presidente
Dutra, characterized therefore as aresearch slant dialect, performing a lexical-semantic analysis in order to try toexplain how the lexicon is used and modified by the community, in order to analyze the lexical variation and their meanings found in the city.
The language is not one (with N even), or is not indivisible, it can be considered aset of dialects.
The language is not one (with N even), or is not indivisible, it can be considered aset of dialects.
Key
words - Lexicon,
Variations, Characteristics
of Language, Presidente Dutra.
* Artigo
foi solicitado pelo curso da Universidade
do Estado da Bahia (UNEB)
Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias – Campus XVI. Como componente avaliativo.
Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias – Campus XVI. Como componente avaliativo.
** Graduandas do curso em Letras 2010.2 na Universidade do Estado da Bahia
(UNEB)
Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias – Campus XVI.
Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias – Campus XVI.
*** Orientadora do Artigo e docente da Universidade
do Estado da Bahia (UNEB)
Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias – Campus XVI
Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias – Campus XVI
Introdução
“O lingüista honesto é aquele que reconhece
humildemente que qualquer falante de uma língua é o melhor gramática que
existe. Ninguém conhece melhor o funcionamento da língua do que o próprio
falante nativo, mesmo que ele não saiba explicar esse funcionamento em termos
teóricos (e para que, afinal, ele ia precisar disso?). Nós, pesquisadores,
podemos até sistematizar o funcionamento (a gramática) da língua, criar modelos
para explicar esse funcionamento, propor nomes técnicos para os elementos e
processos que conseguimos detectar, mas isso não consegue dar conta da tudo o que
está por trás (ou dentro, ou no funda, ou a cima...) do uso espontâneo,
natural, corriqueiro, inconsciente e eficiente que cada pessoa faz de sua
língua materna”. (Bagno, Marcos, 1961, p.45)
A variação é um fenômeno característico das línguas. A
língua está sujeita à ocorrência de formas diferentes de acordo com a época, o
lugar, o grupo social ou o contexto situacional. E no Brasil não é diferente. Cada região tem
seus falares, cada grupo sociocultural tem o seu. Pode-se até afirmar que cada
cidadão tem o seu próprio jeito de falar. As frases ditas por cada um de nós não são construídas por nós próprios,
mas sim por tudo o que nos fez tornar o que somos hoje. A
essa característica da Língua damos o nome de variação lingüística.
Essas variações podem ser de natureza
sociolingüística, semântica, morfológica, lexical, sintática ou outras.
Entendemos que precisamos trabalhar aqui nesse artigo
com alguns conceitos que serão necessários para continuar com a nossa reflexão,
são eles: Sociolingüística é a ciência que estabelece relações entre o modo de
falar do povo, o meio onde vive e suas condições.
Semântica por compreender a forma como os
presidutrenses assimilam o léxico por eles mesmos criados;
Variação Morfológica por estudar as unidades mínimas
de formação das palavras para compreender o seu sentido, além de especificar
uma classe gramatical como foco de pesquisa.
Variação Lexical por levar em consideração o léxico
como um processo de relação entre os falantes e o meio em que se encontram,
levando à identificação da população estudada.
Variação Sintática, pois, observa-se que a
língua portuguesa não é falada do mesmo modo em todas as regiões do país, não é
falada do mesmo modo por todas as classes sociais e, além disso, passou por
muitas alterações no decorrer do tempo.
Qualquer cidadão, quando resolve emitir algumas palavras, faz isso não
isoladamente. As frases ditas por cada um de nós não são construídas por nós
próprios, mas sim por tudo o que nos fez tornar o que somos hoje: nossa
família, a terra em que nascemos e em que vivemos as escolas em que estudamos
(principalmente nas séries iniciais), as pessoas com as quais convivemos, os
livros que lemos, os filmes a que assistimos, enfim, nossa maneira de falar é
formada, não é criada.
Essa diversidade na utilização do idioma, que implicou o surgimento de
diversos níveis de linguagem, é conseqüência de inúmeros fatores, como o nível
sociocultural. Pessoas que não freqüentaram a escola primária utilizam o idioma
de modo diferente daquelas que tiveram um contato maior com a escola e a
leitura.
No Brasil, (...) é preciso, antes de mais nada, criar
mentalidade dialectológica, preparando um ambiente favorável à pesquisa de
campo. (Silva Neto, 1957, p. 9).
VARIAÇÕES LEXICAIS DO MUNICÍPIO DE PRESIDENTE DUTRA
A compreensão da estreita relação que se estabelece
entre a tríade léxico/sociedade/cultura requer que consideremos, por um lado, a
língua em suas características concretas, de uso, no mundo; e, por outro lado,
que observemos como seus usuários se situam e se relacionam com a sociedade da
qual fazem parte.
Existe variação lexical quando a mesma realidade é
designada por vocábulos diferentes; Vejamos os exemplos abaixo.
Palavras pesquisadas e seu significado.
Alvistas - Premio cobrado em troca de uma boa notícia;
Apocado - Tímido Retraído;
Dordoi - Conjuntivite, ou simplesmente inflamação
ocular;
Desguelado - pessoa que grita muito, fala alto;
Escurrupichado - Desajeitando, Despenteando;
Esguritado - Sumiu no mundo sem da noticias;
Impiriquitado - Todo excesso de apetrechos;
Licuticho - Pessoas muito sofisticadas no lugar
inadequado;
Lorde - Pessoas bem vestida (Dicionário -Lorde -
Titulo Honorífico Inglês)
Nadonde – Aonde;
Oreba - Pessoa que tem dificuldade para entender.
Piluchiado - Pessoas cheias de piadas, descaso;
Piluchiado - Mulheres com excesso de vaidade;
Ridupelo - Desordem, barulho, confusão;
Renca – Multidão de pessoas;
Esses léxicos são falados geralmente por pessoas
idosas, e quando são ditas por outras pessoas elas vem acompanhada por uma justificativa:
“como diziam os mais velhos” deixando clara que estas palavras não fazem parte
do seu vocabulário.
Antoine Meillet apud Calvet (2002) defende a ideia de que para a
compreensão da língua e de como ela foi, ou é falada de determinada forma, é necessário
levar em consideração os fatores externos à língua, pois a linguagem é
eminentemente um fato social; ou seja, ela é o reflexo dos acontecimentos
externos, tais como: os avanços tecnológicos, das modificações sociais, da
escolaridade, do gênero e idade; pois a cada fase da vida utilizam-se vocábulos
diferentes, e para cada nível de escolaridade também e assim por diante.
Por isso, identificar os fatores históricos, como as condições
socioeconômicas de um grupo, a escolaridade e gênero; são imprescindíveis para
o entendimento do funcionamento da língua, pois estas duas dicotomias são
suporte e lógica para a boa compreensão da estrutura linguística e como ela se
concretiza.
A camada mais jovem da população usa um dialeto que se
contrasta muito com o usado pelas pessoas mais idosas. Os jovens absorvem
novidades e adotam a linguagem informal, principalmente a linguagem atual com a
redução das palavras ou gírias, enquanto os idosos tendem a serem mais
“conservadores” os quais usam uma linguagem mais arcaica. Essa falta de
conservadorismo característica no dialeto dos jovens costuma trazer mudanças na
língua.
O léxico é a resultante da expressão social, pois é através deste, que
se encontram materializadas na língua, todas as crenças e expressões culturais
de um povo e estão inseridas no léxico ou no conjunto de palavras utilizadas
por um grupo. Sendo assim, pode-se afirmar que o léxico é definido como o
aporte de várias palavras, cada qual carregada de simbologias; para o uso e
composição do vocabulário de uma comunidade específica, no caso do nosso
estudo, a de Presidente Dutra-BA.
Fazendo um diálogo com a História, constata-se que o território
brasileiro sempre sofreu interferências culturais e linguísticas de outros
povos, em que se verifica a língua portuguesa falada no Brasil está diretamente
relacionada aos aspectos históricos, um processo existente desde o período de
colonização pelos portugueses, apesar das línguas nativas, terem sido oprimidas
pelos colonizadores, hoje se percebe vestígios destas línguas na formação
lexical no português do Brasil.
Outra variação bastante evidente também é a que corresponde à camada
social da qual o indivíduo faça parte. O falar de um cidadão é subordinado ao
nível socioeconômico e cultural dele. Quanto mais estudo tiver, mais bem
trabalhadas serão suas frases. Quanto mais livros ler, mais cultura terá.
Quanto mais exemplos tiver de seus pais e professores, mais facilmente se
comunicará com os demais
Considerações
Finais
O Léxico na língua oral e na escrita vem, dessa forma, preencher uma
lacuna no estudo lingüístico brasileiro, no que tange às pesquisas lexicais
vinculadas às novas propostas da Lingüística contemporânea. Como contribuição
acadêmica, acreditamos que, a partir dessa obra, muitos temas de pesquisa poderão
surgir, colaborando com a dignidade cultural do país que, segundo Bechara,
reflete-se no estudo apurado de sua gramática e, principalmente, de seu léxico.
Tendo em vista que existem vários níveis de linguagem, é natural que se
pergunte o que é considerado “certo” e o que é “errado” em um determinado
idioma. Na verdade, devemos pensar a língua em termos de “adequação”. A fim de
que o processo de comunicação seja eficiente, devemos sempre ter em vista o que
vamos dizer (a mensagem), a quem se destina (odestinatário), onde (local em que
acontece o processo de informação) e como será transmitida a mensagem.
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