ENSINO DE L. P. NA EJA



SIPE I - ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA NA EJA

e
                  
        
               Orientadora: Kátia Cristina Novaes Leite                                                                                                                                                      
                 Alunas:  Cláudia Machado, Francisca Silva , Gicélia                                                                          
                 Gonçalves, Jaisse Mendes, Maurelice de
                 Freitas, Nivercina de Souza e Queila Monique Silva
                                                    

     
             






      A alfabetização de adultos no Brasil acompanha a história da educação desde o seu início. Com o tempo, o avanço econômico e tecnológico passou a exigir mão-de-obra mais qualificada e alfabetizada. Logo, medidas políticas e pedagógicas tiveram de ser adotadas, como a criação do MOBRAL, o Ensino Supletivo e a EJA atualmente, entre outros. Com a EJA milhares de jovens e adultos puderam voltar à escola, melhorando sua auto-estima e resgatando sua cidadania. Aprendendo a falar, a calar e a ouvir.

        Este trabalho tem o intuito de relatar sobre o ensino de Língua Portuguesa no percurso formativo da EJA, uma vez que o aluno já utiliza a mesma em sua vida e comunidade.

      Sempre partindo de conhecimentos prévios do aluno, utiliza-se textos do seu cotidiano, tais como: jornais, revistas, livros e outros portadores de texto, incentivando uma produção discursiva e crítica, adquirindo noções de leitura, fala, escrita e gramática.

          EJA, uma educação possível ou mera utopia?





ENSAIO

EJA – EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS, UMA EDUCAÇÃO POSSÍVEL OU MERA UTOPIA?


                                                                   
                                                                                      

 Professora Orientadora: Kátia Cristina Novaes Leite

                                                                                        
                                                                                                                                                                                             
A educação brasileira teve, desde o seu início, caráter emergencial: no início somente a elite tinha acesso à educação. Tempos depois, com o desenvolvimento do país, pregava-se a educação técnica que servia apenas para ensinar a servir, sem nunca questionar. Com o início da modernidade e números alarmantes de analfabetos, medidas urgentes precisavam ser tomadas, visto que no exterior o Brasil era muito mal visto, pois é sabido que a educação que se estende a todos é a marca de desenvolvimento de um país. Atualmente, os olhos do mundo, principalmente do Banco Mundial, caem sobre nosso país e nos cobra resultados. Todos agora têm que estar na escola e tem que dela sair. Políticas educacionais para crianças e jovens são criadas, pensadas e repensadas durante todo o tempo, no entanto, a erradicação do analfabetismo no Brasil ainda é um sonho distante. Então o que fazer com os milhões de jovens e adultos em idade útil que vagavam e ainda vagam em nosso país sem conhecer nem ao menos as primeiras letras? Algo urgente mais uma vez precisa ser pensado para tentar sanar este grave problema educacional brasileiro que é a distorção idade-série. Com o passar do tempo programas como o MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização) tentaram amenizar a situação de milhões de pessoas aptas ao mundo do trabalho sem dominar, todavia, nenhuma regra de leitura e escrita. Seguiram-se os anos e outros programas foram adotados.
Na década de 1990 foi criada a EJA (Educação de Jovens e Adultos), mais uma forma de educar, que resgata jovens e adultos para as salas de aula de todo o país. Esta nova forma de educar dá-se de forma compacta, onde as séries escolares transformaram-se em eixos e todo o trabalho e desenvolvimento parte de conhecimentos prévios do educando.
____________________________________________________
Trabalho realizado pelos discentes do 1º Semestre do Curso de Letras da disciplina SIPE – Seminário Interdisciplinar de Pesquisa e Estágio, da Universidade do Estado da Bahia, a título de nota final, sob orientação da docente Kátia Cristina Novaes Leite.

Na EJA trabalha-se de forma interdisciplinar, através de temas geradores, por meio dos quais todas as disciplinas estarão interligadas. Em Língua Portuguesa se trabalha partindo de conhecimentos prévios dos educandos, utilizando-se de textos variados, extraídos de jornais, revistas, livros e outros portadores de texto. Através destes elementos é possível trabalhar noções de escrita, fala, leitura e gramática, partindo-se sempre das experiências do cotidiano do aluno. Como forma de avaliação, privilegia-se aspectos como assiduidade, participação, responsabilidade e pontualidade na entrega e apresentação dos trabalhos. Notas foram transformadas em conceitos que realizam ao longo do curso. Um eixo temático da EJA corresponde a duas séries normais. Sendo assim, ao invés da educação básica concretizar-se nos onze ou doze anos normais, na EJA a mesma é alcançada em apenas seis anos, isto para quem inicia totalmente analfabeto.
Como para todas as realizações humanas existe o lado bom e o ruim, isto não poderia ser diferente com esta nova forma de ensino, a EJA. Como lado positivo destaca-se o fato de que promove e incentiva o retorno de milhares de pessoas que a muito abandonaram a escola. A estas pessoas não faltam apenas o domínio da leitura, falta muitas vezes o básico que um ser humano precisa para sobreviver. No geral, são seres humanos de baixa auto-estima que adquirem naquele ambiente não apenas a vontade de aprender a ler e a escrever, mas o aprender a ser gente, a resgatar uma cidadania, que na maioria das vezes, nem sabiam que existia. Aprendem a falar, a calar e a ouvir, descobrem que ainda podem sonhar, inclusive, ainda que raramente, com a aprovação em concursos e vestibulares. Nada se compara à satisfação e orgulho demonstrados por alguns ao empunharem seus diplomas de conclusão do ensino médio. Agora ascenderam, segundo eles próprios, estão escolarizados, formados. O lado ruim? Quem conhece a educação pública brasileira sabe que muito faz de conta é camuflado. Milhares de egressos, até de universidades brasileiras, são considerados pouco escolarizados. O que dizer da EJA, então? Uma forma de educar oriunda deste contexto não poderia ser diferente: aprova-se em massa educandos que, às vezes, não dominam técnicas mínimas da norma culta. Em virtude do pouco que adquiriram dificilmente irão ingressar com decência no mercado de trabalho.
O governo brasileiro, orgulhosamente, estufa o peito mostrando satisfação com relação às políticas educacionais do país. Afinal, segundo este, a erradicação do analfabetismo é uma questão de tempo.
O Banco Mundial investe e cobra resultados: todos na escola e zero de reprovação, o que é cumprido pelas autoridades brasileiras, muito embora grande parte dos alunos oriundos da educação pública básica de nada sabe e a quase tudo ignoram. Com a EJA nada poderia ser diferente, ao contrário, tudo consegue ser um pouco pior. Muito são os egressos, mas poucos são os preparados ao menos para a vida.    
Crê-se que, principalmente na EJA, a prática de assinar o diploma com o polegar perdurará por muitas gerações, infelizmente.





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS



SAVIANI, Dermeval. A nova lei da educação: trajetória, limites e perspectivas. São Paulo, 5ª edição, Ed. Autores Associados, 1999.

DURANTE, Marta. Alfabetização de adultos: leitura e produção de textos. Porto Alegre. Ed. Artes Médicas, 1998.



www.forumeja.org