ANTROPOLOGIA

Antropologia

Universidade do Estado da Bahia - UNEB
DCHT Campus XVI – Irecê
Disciplina: Estudos Antropológicos
Docente: Kedma Barreto
Discente: Jaisse Mendes e Souza
Curso: Licenciatura em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Semestre: 2º Vespertino
Fichamento: Cultura












                        Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
                                    (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

                      Marconi, Marina e Andrade.
                         Antropologia: uma introdução / Marina de Andrade Marconi, Zélia
                     Maria Neves Presotto -5. ed. São Paulo: Atlas, 2001

                      Bibliografia
                      ISBN 85-224-2860-3
                     
1-Antropologia social I. Presotto, Zélia Maria Neves. II. Título.

                      91-3072                                                                        CDD-306













Com o surgimento do homem surge também à necessidade de estudá-lo, No século V a.C. Heródoto deu inicio a Antropologia. A palavra antropologia vem de anthropos (homem) e logos (estudo) e significa o estudo do homem, suas produções e comportamento. Porém ela só vem a se tornar ciência em meados do século XVIII, quando Linneu relaciona o homem entre os primatas e descreve as raças humanas.

''Hoebel e Frost (1981:3) definem a antropologia com ''a ciência da humanidade e da cultura. Como tal é uma ciência superior social e comportamental''. É também uma disciplina humanística''.


A antropologia, através de diversos campos de estudo, busca conhecer o ser humano em todos os seus aspectos. Ela estuda o homem como um todo: suas produções no ambiente em que vive e seu comportamento enquanto membro de uma sociedade. A antropologia apresenta três aspectos: Ciência Social, Ciência Humana e Ciência Natural. Em todos estes aspectos ela estuda o homem como integrante de uma sociedade, suas produções, seu comportamento, suas crenças e costumes, seu conhecimento psicossomático e sua evolução. A antropologia possui três dimensões: biológica, sociocultural e filosófica.
Através de seu objeto de estudo, -o homem- a antropologia tem como objetivo tentar chegar à compreensão da existência humana, para que isso aconteça, ela divide-se em dois campos de estudo:
1-Antropologia Física ou Biológica. Nesse campo ela busca conhecer a origem e evolução do homem, para isso, ela conta com a ajuda de outras ciências como a:
-Paleontologia Humana. Estuda a origem e evolução do homem através de fósseis.
-Somatologia. Descreve as diferenças físicas e sexuais existentes no homem.
-Raciologia. Estuda as raças e miscigenações do homem.
-Antropometria. Fornece medidas do corpo humano (crânio, ossos, etc.).
-Estudos Comparativos do Crescimento. Estuda o homem com o objetivo de conhecer as diferenças grupais que estão relacionadas aos índices de crescimento.
2- A Antropologia cultural ''Tem foco de interesse voltado para o conhecimento do comportamento cultural do ser humano, adquirido por aprendizado, analisando-o em todas as suas dimensões’’.
Ou seja, ela tem como foco de estudo as manifestações culturais, analisadas em um tempo e espaço determinado, pois para ela o homem cria e transforma culturas. Dentro do seu campo de estudo encontra-se:
-A Arqueologia - Estuda as culturas extintas do passado, e que não foram documentadas.
-A Etnografia - Observa e analisa os grupos humanos visando reconstituir fielmente essas culturas.
-A Etnologia - È uma ciência comparativa que analisa, interpreta e compara as culturas.                
-A Lingüística - Estuda as diferentes línguas, que acompanha as variadas culturas.
-O Folclore - Estuda as culturas espontâneas dos grupos humanos rurais ou urbanizados.
-A Antropologia Social – Que estuda os processos culturais e a estrutura social, seu interesse está centrado na sociedade e nas instituições.
-A Cultura e personalidade - Nela o indivíduo é visto como agente de mudança cultural, desempenhando papel dinâmico e inovador.
''A antropologia embora autônoma, relaciona-se com outras ciências, trocando experiências e conhecimentos''.
Para isso, enquanto ciência social, ela recorre a Sociologia, a História, a Psicologia, a Geografia, a Economia e a Ciência Política, e enquanto Ciência Biológica Natural, ela apóia-se na Biologia, na Genética, na Anatomia, na Fisiologia, na Embriologia e na Medicina. Com todas estas ciências a antropologia mantém um relacionamento de troca de conhecimento, para poder, assim, alcançar um melhor resultado em seus estudos.

 ''A Antropologia é uma ciência social e humana, perfeitamente caracterizada, tendo seus campos de ação bem definidos e seus próprios métodos e técnicas de trabalho’’.

As técnicas utilizadas pela antropologia são: observação de campo, entrevistas e formulários. Todas as informações devem descrever as medidas antropométrias (cabeça, rosto, corpo e membros), tudo isso para que se chegue a um conhecimento mais profundo sobre o homem.

O método seria um conjunto de regras a serem elaboradas com o objetivo de obter respostas na natureza e na sociedade. O método é classificado em:

-Método Histórico. Investiga os eventos do passado a fim de entender o presente.
-Método Estatístico. Verifica a variabilidade das populações, levando diversificações dos aspectos culturais.
-Método Etnográfico. Descreva as sociedades humanas (primitivas ou ágrafas).
-Método Comparativo ou Etnológico. Comparam padrões e costumes, estilo de vida, culturas do passado e do presente, ágrafas ou letradas.
-Método Monográfico ou Estudo do Caso. Estuda determinado caso ou grupo humano, sobre todos seus aspectos.
-Método Genealógico. Estuda o parentesco e suas implicações sociais e os relacionamentos familiares.
-Método Funcionalista. Ressalta a funcionalidade de cada unidade de cultura no contexto cultural global.
Os estudos antropológicos aplicados apresentam duas dimensões: teórica e prática. Ambas as dimensões, são de suma importância para o estudo do homem, pois após os estudos teóricos o cientista chegará ao conhecimento que o habilita a desenvolver atividades práticas que deverá ser aplicadas em diferentes grupos de indivíduos: grupos tribais e sociedades civilizadas. Para que o estudo prático seja realizado de maneira eficiente, é preciso que se respeite o direito à autonomia tribal.

''Os indivíduos têm direitos as suas próprias crenças, aos seus próprios hábitos e costumes, a sua própria ideologia e a sua própria cultura''.


 Os antropólogos através de seus estudos, adquirem conhecimentos que serão úteis diante da multiplicidade de culturas. Para eles todos os indivíduos têm o direito de manter intactos seus hábitos e costumes, mesmo diante de processos de colonização. Por isso eles procuram minimizar os desequilíbrios e tensões culturais que são gerados pelas diversidades culturais, buscando também, soluções para os problemas sociais políticos e econômicos dos grupos simples e civilizados. Os procedimentos que adotam são sempre alicerçados nos conceitos de relativismo cultural e etnocentrismo.


                                                         Cultura
       ''O conceito de cultura varia no tempo, no espaço e em sua essência. Tylor, Linton, Boas e Malinavski consideram a cultura como idéia. Para Kroeber e Kluckhohn, Beals e Horjer ela consiste em abstração de comportamento. Keesing e Foster a definem como comportamento aprendido. Para Leslie a cultura deve ser vista não com comportamento, mas em si mesma, ou seja, fora do organismo humano''.

 De acordo com todas estas conceituações a cultura pode ser vista como um meio de interação no convívio social, onde a cultura de um indivíduo não se faz só, mas em conjunto com determinado grupo social.
A cultura como idéia é compreendida como um fenômeno mental que exclui os objetos materiais e o comportamento observável, como abstração ela consiste naquilo que se encontra apenas no domínio das idéias, excluindo tudo que é material, e como comportamento, ela pode ser definida como o conjunto de atitudes de determinados grupos humanos.
A cultura deve ser estudada como um todo, para isso é preciso se despir de todo preconceito. Ela pode ser analisada sob vários enfoques: idéias, crenças, valores, atitudes, normas, padrões de conduta, abstração de comportamento, instituições, técnicas e artefatos. Mas em algumas culturas os símbolos significantes tornam-se mecanismo de controle dentro de determinada sociedade a fim de governar o comportamento de seus membros. A cultura pode ser classificada em:
a) Intra-orgânica - cultura internalizada no homem.
b) Interorgânica - adquirida a partir do convívio com a sociedade.
c) Extra-orgânica - está dentro dos objetos e fora do organismo humano.

''Inúmeros antropólogos consideram a cultura como comportamento aprendido, característico dos membros de uma sociedade, uma vez que o comportamento instintivo é inerte aos animais em geral''.

Eles acreditam que a cultura é adquirida pelos modos aprendidos no convívio com indivíduos e grupos em sociedade, essa aquisição dá-se através do processo de endoculturação, que acontece quando o indivíduo começa a se comunicar.
A cultura pode ser classificada em quatro maneiras diferentes:
1-Cultura Material (ergologia). Consiste em coisas materiais: instrumentos, artefatos e outros objetos materiais feito pelo homem e resultante de determinada tecnologia.
2-Cultura Imaterial. Refere-se a elementos intocáveis, como: crenças, conhecimentos, normas, valores etc. Ela muitas vezes se funde com a Cultura Material.
3-Cultura Real. É aquela que, todos os membros de uma sociedade praticam ou pensam em suas atividades cotidianas.
4-Cultura Ideal (normativa). Ela consiste em um conjunto de comportamento que nem sempre são frequentemente praticados pelos seus adeptos.

 ''De modo geral, a cultura se constitui dos seguintes elementos: conhecimentos, crenças, valores, normas e símbolos''.


O conhecimento faz parte de toda cultura e é passada de geração para geração. Desde criança - através do processo de endoculturação - o indivíduo adquire conhecimentos práticos, principalmente, aqueles que garantirão sua sobrevivência (obtenção de alimentos, construções de abrigos, transportes etc.).
As crenças consistem em aceitar como verdadeiro algo que lhes foi proposto independente de sua validade. Segundo Goodenough (Inkahn 1975:207), são três os tipos de crenças: pessoais, declarada e pública. Para outros autores são: científicas (que são comprovadas), supersticiosas (impede alguém de fazer algo) e extravagantes (foge ao comum). Muitas dessas crenças tornam-se benéficas para seus membros, mas algumas levam seus praticantes ao fanatismo, pois estão ligadas, mesmo que indiretamente, a ele.
O valor indica objetos e situações consideradas como boas, desejáveis, importantes etc. Ele incentiva e orienta o comportamento humano. O termo valor, varia de pessoa para pessoa, haja vista que ela se faz presente na mente humana, porém ela pode ser reconhecida por pesquisas sociais ou psicológicas.
As normas são regras que indicam o modo de agir dos indivíduos. Elas fazem parte de todas as culturas, e são consideradas regras a serem seguidas para um melhor convívio social. Para Beals e Hoijer (1969:268), há dois tipos de normas compreendidas em uma cultura: as ideais – representam os deveres e desejos em determinada cultura - e as comportamentais – são os comportamentos reais dos indivíduos em situações que fogem as normas ideais.
Os símbolos representam ou implicam coisas concretas ou abstratas que tenham adquirido significados específicos. Eles podem ser: arbitrários, partilhados ou referenciais, e associam significado a tudo que pode ser percebido pelos sentidos.

     ''A posição cultural relativista tem como fundamento a idéia de que os indivíduos são condicionados a um modo de vida''.

Nas culturas encontram-se normas e valores diferentes uns dos outros. O relativismo cultural não concorda com essas barreiras - normas e valores – constituídas pelas culturas, libertando o indivíduo da idéia de supervalorização de sua própria cultura e lutando pela igualdade entre elas.

   ''A cultura é formada de milhares de traços culturais selecionados, mas integrados, formando um todo. Sem exceção, cada traço possui forma e função''.


A forma é a maneira como algo se apresenta ou manifesta. Enquanto a função pode ser entendida como o tipo da ação ou procedimentos mútuos entre os traços culturais, estes permitem a descrição da cultura.
Os estudiosos da cultura tentam entender como os traços se unem e o que cada um deles significa em uma cultura, e não quantos conjuntos de traços existem na mesma. Os conjuntos de traços são constituídos pelos complexos culturais que forma um todo funcional. Esses complexos seriam, então, os objetos físicos que fazem parte de um determinado espaço onde os adeptos de determinadas culturas se reuni e pratica ou trabalha os componentes de sua cultura.

 ''Segundo Herskovits (1963: 231) os padrões culturais são'' os contornos adquiridos pelos elementos de uma cultura, as coincidências dos padrões individuais de conduta, manifestos pelos membros de uma sociedade que dão ao modo de vida essa coerência, continuidade e forma diferenciada''.

   Dentro de cada cultura existem padrões culturais, esses padrões são maneiras de tornar comum um determinado comportamento que foi proposto por uma determinada cultura e estabelecer o que será aceito ou não dentro dela. Tal padrão é desenvolvido quando muitas pessoas agem da mesma forma ou modo, durante um longo período de tempo, e mesmo que o indivíduo já tenha um comportamento social definido, adotando uma determinada cultura o seu comportamento sofrerá influência pela cultura adotada.
A cultura é configurada pela integração de diferentes traços e complexos culturais, por isso ela tem que ser vista como um todo, pois suas partes estão entrelaçadas e a mudança de uma delas afetará as demais.
Os traços e complexos culturais estão difundidos, resultando em um modo particular e característico de seus adeptos, Tal modo, faz parte de determinado território geográfico (áreas culturais) relativamente pequeno em relação à sociedade global.
Dentro das sociedades em geral, existe algumas variações de culturas. Essas variações são chamadas subculturas, elas são grupos de indivíduos que fazem parte de uma cultura, porém, vivem dentro de uma sociedade que não pratica a mesma cultura. Para Ralph Linton, a cultura é um agregado de subculturas.
Cada cultura possui normas comportamentais ou costumes que são diferenciados: as universais, as especialidades e as alternativas.
As normas universais são padrões de conduta característicos de todos os membros de uma sociedade. Elas abrangem idéias, costumes e reações emotivas. As normas comportamentais são predominantes em culturas mais simples, mas nem sempre são consideras universais aparecendo apenas como alternativa – praticada apenas por alguns grupos - ou especialidade – varia amplamente e estão vinculadas à livre escolha.

  ''A cultura é criada, aprendida e acumulada pelos membros do grupo e transmitida socialmente de uma geração à outra e perpetuada em sua forma original ou modificada''.


A cultura é social, seletiva, explícita ou implícita.
1- A Cultura Social é adquirida no percurso da vida de cada indivíduo, nos grupos em que nascem ou convivem, ou seja, a cultura passa por um processo de crescimento. Esse processo varia de acordo com o meio social, pois ele depende do espaço e do tempo. Nem sempre esse processo será uniforme nele poderá ocorrer parada e até retrocesso, pois toda cultura depende dos indivíduos que a pratica, e este, está em contínua transformação. Para que esse crescimento aconteça é preciso que o número de elementos novos adotados, supere os antigos.      
2-A Cultura Seletiva é feita levando-se em conta certos postulados a respeito do homem e do mundo que o cerca. Estes postulados são: existenciais (relativos à natureza da existência) e normativos (referentes às coisas e ao homem).
3-A Cultura Explícita ou Manifesta é aquela que pode ser exteriorizada por meio de ações. Ela inclui hábitos, comportamento, aptidões, práticas religiosas e normas em geral.
4-A Cultura Implícita é aquela que, encontra-se no íntimo das pessoas, que não é manifesta. Ela é subjetiva, oculta e inconsciente. 
  

   ''A cultura é criada, aprendida e acumulada pelos membros do grupo e transmitida socialmente de uma geração à outra e perpetuada em sua forma original ou modificada''.


   As culturas estão constantemente mudando, cada mudança constitui um processo cultural. Esses processos podem ser: mudança cultural, difusão cultural, aculturação e endoculturação.
-As mudanças culturais fazem parte do processo de configuração de culturas, e consistem em qualquer alteração na cultura. Segundo Murdock (In Shapiro,1966:208) as modificações na cultura estão relacionadas a quatro fatores: inovação, aceitação social, eliminação seletiva e integração.
-A difusão cultural é um processo em que os elementos ou complexos culturais se difundem entre as sociedades.
    Os traços adquiridos de outras culturas podem sofrer reformulações quanto a formula, a aplicação, ao significado e à função.
-A aculturação acontece quando duas culturas diferentes se unem em uma mudança contínua que refletirá em ambas as culturas. Essa mudança dará origem a uma sociedade e cultura nova. A aculturação possui as seguintes fases:
a) Assimilação. Processo em que as diferentes culturais alcançam uma solidariedade cultural.
b) Sincretismo. É a fusão de dois elementos culturais semelhantes.
c) Transculturação. É a troca de elementos culturais entre sociedades diferentes.
d) Endoculturação. Consiste no processo de aprendizagem e educação em uma cultura desde a infância, pode ser entendida, como um processo que estabiliza a cultura.
   A cultura está, e sempre estará, presente em todas as sociedades, e o indivíduo, mesmo que não possua uma cultura explícita, trás em seu inconsciente traços de uma.